Desde que em 1.994 – por minha sugestão e insistência – o prefeito Celso Rivello oficializou o dia 23 de outubro como o “Dia do Pelé”, desde então sempre sonhei com a cidade festiva nesta data. Sempre imaginei um dia inteiro de comemorações, festas e inaugurações. Um dia que a imprensa do Brasil inteiro viria até aqui ver o que Três Corações preparou para o aniversário do conterrâneo e rei, Pelé. Uma festa que nos primeiros anos seria bem modesta, mas já há 17 anos depois, poderia ser agora uma das maiores festas de Minas Gerais e por que não do Brasil!
Dizem na prefeitura – nesta e nas ultimas quatro administrações – que “penso grande demais, que deliro com o tema Pelé, que “viajo na maionese” e que sonho muito grande quando o assunto é Pelé”. Mas não sou eu que penso e sonho grande: são eles que pensam, sonham e agem pequeno. Pelé é muito maior do que tudo isso. Desde quando criamos a Lei há 17 anos, tenho pedido pra prefeitos comemorarem essa data que pode ser uma grande atração turística em nossa cidade. Em 17 anos de lei, apenas um único ano que essa comemoração existiu. Não sei o que acontece nos corredores do poder. Ignoram essa data e não ficam nem vermelhos!
Domingo passado Pelé completou 71 anos. E mais uma vez, nossa prefeitura não provocou NADA. Mais um ano passou e não quiseram comemorar a data.
Quando Pelé falou em maio do ano passado que queria vir em Três Corações no aniversário da cidade lançar a pedra fundamental da Casa Pelé, eu tive a certeza - e a doce ilusão - de que a partir daquele instante, a cidade despertaria para o turismo Pelé. Mas não: não fizeram NADA e nem me deixaram fazer. Entreguei meu cargo que tinha na prefeitura quando não andavam com o projeto nem me deixavam agir. Você leitor pode ter uma certeza: se eu estivesse à frente do projeto, se tivessem me deixado agir, a reforma da praça Pelé teria saído, a Casa Pelé estaria pronta, o Museu Pelé estaria a todo vapor, e outras ações em torno do nome e imagem do Pelé estariam acontecendo. Não fizeram, não fazem e não deixam ninguém fazer.
A casa Pelé ta lá, indo aos trancos e barrancos. Já passei várias vezes na porta: algumas vezes fechada por falta de material, outras por falta de pagamento ao pedreiro e os dois assistentes dele. O canal de TV ESPN Brasil esteve em nossa cidade duas semanas atrás, numa quarta feira, e pediram que eu os acompanhasse na obra da casa. Quando chegamos lá, às 10 e meia da manhã, não tinha ninguém trabalhando e o portão estava trancado com cadeado. Vizinhos disseram aos jornalistas que a casa estava fechada há uns 15 dias por falta de pagamento aos pedreiros. Jornalistas que são, entrevistaram diversas pessoas perguntando sobre este descaso e essa morosidade. O programa irá ao ar este sábado à noite, no ESPN Brasil. Mais uma vez, nossa cidade vai pagar mico nacional por descaso com as coisas relacionadas ao Pelé.
Que a casa vai ficar pronta antes dessa administração sair 31 de dezembro do ano que vem isso nós acreditamos. Mas por que se demora tanto pra fazer uma casa simples como aquela? Será que é pra ficar pronta só o ano que vem, ano de eleições municipais, na esperança de que Pelé venha pra inauguração e acabe sendo usado como cabo eleitoral deste ou aquele candidato?
Entra ano, sai ano, entra prefeito, sai prefeito, e o descaso continua: às vezes mais...as vezes menos.
Desde que estivemos com Pelé ano passado - além dessa casa (que mais parece a Basílica de Aparecida do Norte pela demora da construção ), nada mais ouvimos nem vimos sobre Pelé. A única atividade recente, foi uma barraca intitulada “Amigos do Rei” que montaram no Park Rock, juntos com as outras duas barracas de entidades, a APAE e o DST/Aids.
Alguns amigos me falaram sobre uma nota que saiu num jornal aqui da cidade onde um contratado da prefeitura dizia algo tipo : “enquanto uns passam pela vida pelejando pelejando, nós fazemos”. Com certeza o recado foi pra mim, mas um recado sem pé e sem cabeça. Se estou Peléjando esses 17 anos, é por incompetência de administrações que nada fazem por Pelé. E se a casa Pelé está sendo construída, mesmo que aos trancos e barrancos, é por insistência minha. Não tenho prazer em ficar “Peléjando”: eu queria que as administrações fossem mais ativas e menos rancorosas e fizessem - mas fizessem com vontade e dignidade. Não que ficassem nesse lero lero fazendo o tão pouco que estão fazendo, somente com finalidades eleitoreiras.
Mas , tudo na vida passa...e uma nova administração está por vir e com certeza, darão o tratamento digno que Pelé merece e até hoje não foi dado.
Meus parabéns ao conterrâneo Edson Arantes do Nascimento e se possível, perdoa nossa incompetência em AINDA não fazermos jus em sermos a cidade que viu nascer o Rei do Futebol.